A Secretaria Municipal de Saúde de Natal promoveu na manhã desta segunda-feira (29) uma oficina da Tenda do Conto com o objetivo de expandir o projeto para todas as unidades de saúde do município. Em conjunto com o Núcleo de Saúde do Trabalhador, o grupo, que já acontece nas unidades de saúde de Soledade I e Panatis, deve ser estendido até outras unidades de saúde, de forma que as pessoas possam aprender com as experiências contadas.
Durante a apresentação, as organizadoras do projeto explicaram passo a passo os diferentes momentos vividos durante a Tenda do Conto, acompanhada de relatos e conclusões tiradas dos diversos encontros já realizados. Dentre eles estão as três artes trabalhadas, a arte de fazer, voltada para a montagem da tenda do conto; a arte de contar, com foco na importância da narrativa; e, também, a arte de inventar, que explica como a tenda vem acontecendo e sendo reinventada em cada local onde é reproduzida.
Segundo a enfermeira da Unidade do Panatis e organizadora do grupo, Jaqueline Abrantes, não existe público alvo definido para estes contos, que podem ser desde usuários até funcionários da unidade. Além disso, são expostos vários objetos, chamados de “afetivos”, levados por cada um dos contadores de histórias, de forma que inspiram e trazem um pedaço do conto de cada um.
“A gente entende que todos tem uma história para contar, para isso, ao enviar o convite pedimos para que tragam um objetivo que possa complementar a história contada pelos participantes. Aos poucos fomos adquirindo objetos que possibilitou a montagem da tenda do conto, assim, cada um nos lembra de uma história diferente que o olhamos.”
Acompanhada de outras funcionárias da saúde, a enfermeira compartilhou a história que mais a marcou nos oito anos de existência da tenda. Se trata de dona Leonor, de 104 anos, que, ao ser abandonada pela mãe, decidiu ir em busca dela com apenas nove anos de idade. Tendo passado por guerras, ditaduras e crises, Leonor participa ativamente no grupo onde conta parte dos momentos mais marcantes durante os mais de cem anos de vida.
“Ainda criança, ela pegou um trem de Ceará-mirim até Natal, onde, nas proximidades do antigo Onofre Lopes encontrou a mãe após três anos. Com os pés totalmente queimados se apresentou na sua frente e foi acolhida pelo padrasto que, no mesmo momento, tirou seus sapatos e ofereceu para ela. Para ela, esse foi o momento em que encontrou alguém que pudesse cuidar dela”, contou Jaqueline.
A Tendo do Conto traz a oportunidade de aproximar as pessoas, fortalecer os vínculos e humanizar de forma geral. É comum os grupos formados na saúde focarem apenas em doenças, entretanto, por traz dessas doenças e sintomas existem pessoas com histórias belíssimas e encantadoras.
ASCOM DA SMS NATAL